2008/01/25

E esta hem?


Vocês têm a infelicidade de ter vizinhos que não vos respeitam?
Eu já tive (vamos ver até quando!).

Não estou a falar daquela falta de respeito de não dizer "bom dia" quando nos vêem passar na rua, nem a indelicadeza de vos fecharem a porta na cara com toda a sua força; nem a de reparar que nós estamos a chegar à porta do prédio um pouco atrás deles e acelerarem o passo mais ou menos discretamente para poderem ser rápidos a entrar no elevador e subir sozinhos; não.

É a falta de respeito de mandar a cinza dos seus cigarrinhos para cima do nosso parapeito e da roupa acabadinha de estender. É a falta de respeito da vizinha ao dizer: "eu não fumo; deve ter sido o meu irmão!" com um ar tão falsamente angélico (que hoje, cada vez que me recordo da situação, quase me provoca o vómito) quando abordada delicada, mas frontalmente, sobre este problema. Eu ainda fiquei a pensar: "será que aquela mão que eu vi era a dum homem?!" A sensibilidade que me resta impediu-me de lhe dizer que o irmão tinha umas mãos muito femininas e fingi acreditar.
Depois deste pedido, pensei que a situação não se repetiria...

Pois bem, ao fim de meses a continuar a levar com a cinza, por vezes acompanhada de migalhas e outros OVNI's, cansei-me! Gritei BASTA e resolvi adoptar outra medida já que a primeira não resultara: escrever uma carta em que encarecidamente pedia que, quem quer que fosse - o irmão, o cão ou o periquito - colocasse a cinza num objecto que existe há muiiiiito tempo e que o prevaricador desconhecerá: o cinzeiro! (Esta parte do prevaricador e do cinzeiro não a escrevi, por não saber se os senhores conhecerão a palavra inicial e porque talvez soasse a comentário sarcástico e isso eu não pretendia.)

A carta foi escrita e enviada há pouco tempo. Voltei a ver cinza no meu parapeito e na roupa alguns dias depois do envio da carta; provavelmente ainda não a leram, quando o fizerem, vão deixar de fazer isto, pensei; o que se parece confirmar, pois depois disso não voltei a registar ocorrências desta natureza.

O engraçado foi ter visto um dia destes a mesma vizinha que afirmou com tanta veemência não fumar, vir de cigarrinho na mão e na boca (intermitentemente, claro) perto da entrada do prédio quando eu estava a sair do mesmo com a minha filha e o meu marido. Sabem o que ela fez? Fez um movimento tão atrapalhado para se desviar do nosso caminho que eu reparei logo na sua presença. Continuei a andar e olhei para trás sem qualquer pudor; queria ver até onde ia a farsa de "ah, eu não ía para casa, ainda vou ali à loja chinesa" e não resisti a sorrir com todos os meus dentinhos quando, sentido-se (falsamente) segura de me ter despistado, volta bruscamente para trás (para casa, com certeza), não sem antes atirar o seu cigarrito para o chão. Lindo, lindo teria sido ver a cara dela a olhar para a minha e juro; se ela o fizesse com aquele mesmo ar angélico, eu vomitava-lhe aos pés!